Vários medicamentos demonstraram ser eficazes no tratamento da dor pélvica em mulheres com evidência de apresentarem quadro de sensibilização central, condição encontrada frequentemente em pacientes portadoras de dor pélvica crônica na endometriose. Os fármacos podem ser utilizados sozinhos ou em associações.
Os anticonvulsivantes, como a gabapentina e a pregabalina, agem em canais de cálcio dos neurônios pré-sinápticos e promovem sua modulação, diminuindo a liberação de mediadores excitatórios na fenda sináptica. Esses medicamentos são prescritos inicialmente em baixa dose, aumentando gradualmenta. São agentes eficazes para o tratamento de dor crônica, como na dor pélvica, dada a sua propensão para amortecer excitabilidade e ter efeito ansiolítico.
Outra classe de medicação, os antidepressivos tricíclicos e duais, que também demonstraram diminuir a dor crônica, exibem uma ampla variedade de interações nas vias nociceptivas do neuroeixo. Atuam inclusive, na melhora do sono e humor, ao diminuir a ansiedade. Os representantes principais dessa classe são amitriptilina, nortriptilina e duloxetina, venlafaxina e desvenlafaxina. Vale salientar que o uso dos tricíclicos deve ser sempre monitorizado devido aos efeitos adversos, incluindo cardiotoxicidade, confusão mental, retenção urinária, hipotensão ortostática, pesadelo, ganho de peso, sonolência, boca seca e constipação. Já os antidepressivos duais carecem desses efeitos anticolinérgicos e anti-histamínicos, sendo assim mais tolerados.
Os relaxantes musculares, como o baclofeno, atuam nos receptores GABA e na medula espinhal, deprimem o sistema nervoso central por meio de uma diminuição dos neurotransmissores glutamato e aspartato, inibindo a ação reflexa e melhorando a dor da musculatura espástica. Os efeitos colaterais mais comuns do baclofeno são sonolência, fraqueza, hipotensão e confusão. A ciclobenzaprina é relacionada estruturalmente com os antidepressivos tricíclicos, interage com a monoaminoxidase tratando espasmos musculares relacionados ao ciclo-vicioso dor-contração-dor.
Analgésicos não opióides e opióides podem ser indicados em casos específicos.
A medicina intervencionista da dor consiste de técnicas minimamente invasivas realizadas por meio de bloqueios e infiltrações e pode ser indicada em qualquer momento do tratamento, inclusive para poupar o uso prolongado de medicamentos. Os bloqueios do plexo hipogástrico superior, de gânglio ímpar e de nervos perféricos, como pudendo ou genitofemural, têm alta acurácia e eficácia quando a sensibilização central ou memória de dor já está instalada. As Injeções de ponto de gatilho são indicadas quando o médico encontrar pontos específicos de dor na palpação. A injeção de anestésico local de ação prolongada pode aliviar o desconforto nesses pontos doloridos.
Outras terapias não medicamentosas são também de grande importância para o manejo de dor crônica, como a fisioterapia, com exercícios de alongamento, liberação miofascial, biofeedback e outras técnicas de relaxamento muscular e a psicoterapia, em especial a terapia cognitiva comportamental e estratégias de enfrentamento da dor. Acupuntura, meditação com técnicas de atenção plena e prática regular de exercícios físicos que promovem liberação de endorfinas são opções benéficas ao tratamento da dor pélvica crônica em mulheres com endometriose.
A combinação precoce de tratamentos específicos para a dor com o tratamento hormonal e cirúrgico, quando indicados, favorecem a melhora da qualidade de vida dessas pacientes.