Durante muitos anos, a ultrassonografia para a avaliação da morfologia fetal ficou centrada no segundo trimestre gestacional. Entretanto, com a evolução tecnológica e o advento de aparelhos de ultrassonografia de qualidade progressiva, o conhecimento do ambiente intrauterino tornou-se precoce e permitiu melhora da assistência materno-fetal no ciclo gravídico puerperal.
O exame ultrassonográfico, quando realizado entre 11-13+6 semanas, além do rastreamento de aneuploidias, permite a datação adequada da gestação, confirmação do número de fetos, vitalidade, além da identificação de más-formações de maior porte.
Prática adequada na ultrassonografia de 11-13+6 semanas
Segundo a Sociedade Internacional de Ultrassonografia em Obstetrícia e Ginecologia (ISUOG),(1) o profissional que irá realizar este exame deve ser devidamente treinado em serviço de referência, com estrutura para condução de casos suspeitos ou anormais, participar de atividades de educação médica na área e programas de qualidade e utilizar equipamentos de qualidade.
O exame deve ser realizado entre 11 e 13+6 semanas, no intervalo de CCN (comprimento cabeça-nádega) que compreende 45 e 84 mm, de forma padronizada. A via abdominal é a recomendada, ficando o recurso transvaginal para as limitações, que incluem a obesidade materna, retroversão uterina, posição fetal persistente e malformações.
Segurança na ultrassonografia do primeiro trimestre
A ultrassonografia obstétrica deve ser utilizada com indicação adequada, em tempo mínimo para um diagnóstico correto e com os menores níveis de energia necessários. Em metanálise realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a prática da ultrassonografia não apresentou correlação com eventual desfecho adverso materno-fetal, alteração do desenvolvimento neuromotor, capacidade cognitiva ou mental prejudicada e risco de malignidade na infância.
Segundo o Guideline da Sociedade Internacional de Ultrassonografia em Obstetrícia e Ginecologia (ISUOG), o ponto crítico seria a realização da dopplervelocimetria, em razão do risco de aquecimento nocivo e localizado aos tecidos, sendo ideal em um tempo de execução de 5 a 10 minutos e nunca acima de 60 minutos.